Storytime: Como encontrei o amor no Tinder
- 29 de mai.
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Comecei a falar com o Daniel no Tinder. Culpa da sua legenda em inglês bastante minuciosa e três fotos. Uma do século XIX e outra do século XX. Não há grandes alternativas no Tinder. Foi o que me chamou à atenção. Podia ter corrido muito mal.
Inscrevi-me no Tinder por curiosidade. Já tinha ouvido falar naquilo pelos amigos. Não fazia ideia como é que funcionava. É uma espécie de catálogo com legendas pouco criativas e originais. Fotos manhosas. E gente dada ao engate rápido. Eu nunca tinha entrado numa cena deste género. Mas estava interessada na vida de solteira. Sem compromissos. Não queria nada de sério. Estava a sair de uma relação de 13 anos.
Com a conversa envolvente e cada vez mais interessante, convidou-me para um café. E eu, aceitei. Nem percebi que estava a aceitar ir a um date. Não senti nenhum nervosismo.
Combinámos sexta-feira, perto da biblioteca, depois de jantar. Quando cheguei, ele já estava à minha espera. O primeiro contacto foi muito agradável. Muito simpático. Engraçado. Levou-me café e dois livros. Eu levei-lhe um dos meus romances preferidos. Mastermind. E a nossa conversa continuou a fluir bem longe dos ecrãs do telemóvel. Tínhamos interesses em comum e algumas diferenças engraçadas. Fomos beber café e vinho e perdemos as horas, na conversa. Foi mesmo divertido. Ri imenso. Nunca fiquei entediada. Gostei logo dele.
Eu lembro-me de ir à casa de banho, durante o encontro e pensar, "Deus, foi este homem que mandaste para mim?". Para quem não sabe, eu estava muito conectada com Deus e tinha sonhado com algumas mensagens. Tantas chamadas não atendidas do universo.
Quando acabou, fui para casa. Lembro-me de conduzir com um enorme sorriso enquanto ouvia "Cidade", das Bárbaras. Lembro-me de conversar com Deus e deixar a história nas suas mãos. Não o querendo responsabilizar por tudo, claro.
Avisei a Ana que não tinha sido raptada e estava em segurança. Combinei com ela que caso fosse enganada, e me aparecesse um velho babão, a avisaria e ela ia ajudar-me não sei bem como.
Não saí do date com vontade de ter um relacionamento, muito menos apaixonada. Como te disse, queria aproveitar a solteirice. Estava descontraída. Percebi várias coisas que me agradaram nele e só. Não senti aquela paixão fugaz, aconteceu com muita tranquilidade.
Mantivemos o contacto e conversávamos por horas, ao longo de vários dias. Quanto mais o conhecia, mais gostava dele. Mostrou-se sempre muito educado, curioso e presente. Ouvia-me nos bons e maus momentos. Tivemos mais encontros e foi sempre muito giro.
Comecei a pensar mais nele com o decorrer dos dias. Fazíamos videochamada, enviámos vários áudios até que ele se declarou. Lembro-me do áudio em que me disse que só pensava em mim e que estava apaixonado.
Quando percebi estava na praia, de noite, apaixonada e feliz. Rendida à relação que estava a nascer. Percebi que não queria estar sem ele. Do encontro ao namoro, 15 dias. Do namoro ao viver juntos, cinco meses. Do viver junto ao pedido de casamento foram mais quatro meses. Tudo muito rápido, para alguns. Para nós, foi quando fez sentido. É como é.
Nunca mais nos largámos. As próximas noites brancas foram lado a lado. Casámos no dia 6 de janeiro de 2024.
Olá Cláudia, fico muito feliz por ti, por vocês os dois. Que sejam felizes.
A tua história tocou-me imenso, eu também saí há uns meses de um casamento de quase 25 anos. Foi difícil, foi muito. Mas hoje sinto-me em paz, adoro estar solteira. Mas de momento não tenho necessidade em encontrar alguém ou de querer estar com alguém. Agora só quero aproveitar as minhas filhas e a minha própria companhia.
Beijinhos e muitas felicidades.