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Storytime: A pior viagem da minha vida

  • 22 de mai.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 26 de mai.



a pior viagem da minha vida
a pior viagem da minha vida

Apaixonada por aquele rapaz. Desgastada emocionalmente, perdida na vida, sem eira nem beira. Sempre atrás dele para todo lado, em busca de abraços e afeto. No lugar do pendura, no lugar do morto. Conduzida para o abismo.

Quando chegámos, não havia quarto para mim. Tive de ir dar uma volta ao bilhar grande para procurar um quarto. A casa gigante estava cheia de miúdas e rapazes com pinta. Em vez em ficar preocupado e vir comigo, ele escolheu os amigos. Eu sozinha, em lágrimas. Engole a porcaria das lágrimas, não vais estragar a passagem de ano. A raiva das lágrimas que aparecem logo. Logo.

Encontrei um quarto. Uma cama virada para uma parede. Toda a gente a brindar e eu do outro lado da rua, sentada na cama. Sem mensagens, sem afeto.

Voltámos a estar junto, durante o jantar. Senti-me a mais, no meio do grupo. Não pertenço aqui. Não quero ficar. Não vais estragar a passagem de ano, pois não? Caladinha.

Quando chegou a hora de irmos para a praia, ele já tinha ido. Desço a avenida, de olhos exposto no bar onde o encontraria. Ele abraçado a uma miúda, ele de braços nos braços dela. A mesma miúda que ele odiava. Não sou eu? Não sou eu que ele tanto odeia? Parece.

Ignorada a noite inteira, voltei para o quarto e festejei a passagem de ano afundada na garrafa, nas lágrimas e na máscara borrada. O que fiz para merecer isto? Haverá mais para além disto? És paranoica.



Hoje, enquanto corria na passadeira chorei pela miúda, sozinha naquele quarto. A chegar a casa, de manhã, com tantos lugares nas camas. Ele despido, elas ao sussurros e risos. Era a primeira a saber, a última, o que interessa isso. Meia hora depois, sentada no sofá, vi entrar duas raparigas lindas, de batom vermelho. Dois pontos de luz, o centro da alegria e juventude. Eu, de mala pronta, pedi para ir embora. Vamos já. Eu deixo de existir quando ele entra no carro. O lugar do morto. Morta. Ferida. Tudo errado.


Passei a viagem toda a chorar. Enquanto pensava na burra que eu era e como me humilhava. Sempre que tentava seguir em frente, ele voltava pedir-me uma oportunidade. Quantas foram? Uma mão cheia. Até emagrecer, até deixar de sentir alegria, até perder o rumo. Até à última gota.

Quando estacionou na porta da minha casa disse-me com um sorriso rasgado perante a minha aflição: "É melhor acabarmos". Regressou a casa dele, para procurar-me duas semanas depois.

Não tinha força, não amava nenhuma versão de mim. Aceitei o sofrimento daquele regresso, e nunca mais me esqueci da música que ouvia exatamente naquela viagem, Big Girls Don´t Cry.

Foi nessa altura que comecei a pintar os lábios de vermelho.



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